Acervo de Partituras
Esta seção reúne os arranjos e partituras desenvolvidos a partir do projeto Mulheres Compositoras. Nosso objetivo é democratizar o acesso ao repertório feminino na música de concerto, oferecendo versões adaptadas e acessíveis para grupos de câmara e solistas. Todas as partituras aqui disponibilizadas são resultado de pesquisa cuidadosa e do trabalho colaborativo com arranjadores e musicistas do projeto.
🎵 O virga ac diadema
Compositora: Hildegard von Bingen
Obra: O virga ac diadema (antífona)
Período: Idade Média (c. 1150)
Duração média: ~4 a 5 minutos
Língua do Texto: Latim
Formação Original: Voz solo (canto monofônico)
Tipo de arranjo neste projeto: Versão adaptada para canto solo e bordão de cordas (voz + quarteto de cordas em pedal harmônico)
Partituras:
Poema e Tradução:
O virga ac diadema purpure regis
O virga ac diadema purpure regis
qui in tua parte floruit:
tu floruisti in ramo tuo –
et obumbrasti gaudendo,
illa hora
quando te Deus in prima die creature
omnia ornatu suo constituit.
Tu autem, o laudabilis Virgo,
interiorem aspiciens hominem
innocentem aspicisti,
et in ardore tui flatus
cum illo edificasti
audiens sanctum preconem
in candida fraglantia floris eius.
Et o tu, rutilans gemma,
tu es ornata in alta persona.
Tu stares sicut aurora procedens:
ex te autem surrexit sol iusticie,
et germinavit flos ex te:
qui odoravit omnia aromata
quae arida erant.
Et illa apparuerunt
omnia in viriditate plena.
Ó ramo e diadema da púrpura do Rei
Ó ramo e diadema da púrpura do Rei,
que floresceu de tua parte:
tu floresceste em teu ramo –
e te cobriste de alegria,
naquela hora
em que Deus, no primeiro dia da criação,
te constituiu com todo o seu ornamento.
Tu, ó louvável Virgem,
olhando o homem interior,
viste o inocente,
e no ardor do teu sopro
com ele edificaste,
ouvindo o santo pregador
na branca fragrância de sua flor.
E ó tu, gema cintilante,
és adornada com elevada dignidade.
Tu te ergues como a aurora surgindo:
de ti, porém, nasceu o sol da justiça,
e floresceu de ti a flor
que perfumou todos os aromas
que estavam ressecados.
E tudo aquilo apareceu
cheio de frescor e vitalidade.
🎵 Morir non può il mio cuore a 4 voci
Compositora: Maddalena Casulana
Obra: Madrigal a 4 vozes (do Primo libro di madrigali, 1568)
Período: Renascença
Duração média: ~2 a 3 minutos
Língua do Texto: Italiano
Formação Original: Quatro vozes a cappella
Tipo de arranjo neste projeto: Versão adaptada para canto e quarteto de cordas (voz + violino I, violino II, viola, contínuo)
Partituras:
Poema e Tradução:
Morir non può il mio cuore
Per fuggir da vostre pene
Ma sol bramar conviene
Che’l mio fallir vi mova a dar dolore.
Ché viver non potria
In tanta pena e ria,
S'io non sperassi almen talor mercé
Né trovaria quiete
L’alma, che ogn’or si vieta
Di non sperar in voi, per cui pur è.
Meu coração não pode morrer
Para fugir de tuas dores,
Resta-me apenas desejar
Que minha falha te leve à tristeza.
Pois eu não poderia viver
Com tamanha dor e crueldade,
Se ao menos não esperasse, às vezes, piedade.
Nem encontraria descanso
Minha alma, que sempre se proíbe
De não esperar por ti, por quem ainda vive.
🎵 Che si può fare?
Compositora: Barbara Strozzi
Obra: Che si può fare? (área solo)
Período: Seicento – Seconda Pratica (c. 1664)
Duração média: ~5 a 6 minutos
Língua do Texto: Italiano
Formação Original: Voz solo (soprano) e baixo contínuo (geralmente teorba ou cravo e viola da gamba)
Tipo de arranjo neste projeto: Versão adaptada para canto e quarteto de cordas (voz + violino I, violino II, viola, violoncelo em função de contínuo)
Partituras:
Poema e Tradução:
Che si può fare?
Se il Ciel mi niega
le sue faville,
se la mia sorte
è sempre cruda,
se il mio martir
non ha mercede
né pur pietà.
Che si può fare?
Se il mio destin
è di penare,
se il mio servir
non ha diletto,
se il mio fedel
è un infelice
sempre fedel.
Che si può fare?
O que se pode fazer?
Se o Céu me nega
suas centelhas,
se a minha sorte
é sempre cruel,
se meu sofrimento
não encontra misericórdia
nem mesmo piedade.
O que se pode fazer?
Se o meu destino
é sofrer,
se meu servir
não traz prazer,
se meu amor fiel
é um infeliz
sempre fiel.
O que se pode fazer?
🎵 In amor ci vuol ardir
Compositora: Antonia Bembo
Obra: L'Ercole amante (trecho de cantata ou ópera)
Período: Barroco (c. 1680)
Duração média: ~3 a 4 minutos
Língua do Texto: Italiano
Formação Original: Soprano e contínuo (geralmente cravo e/ou viola da gamba)
Tipo de arranjo neste projeto: Versão adaptada para canto e quarteto de cordas (voz + violino I, violino II, viola, contínuo)
Partituras:
Poema e Tradução:
In amor ci vuol ardir
Per goder il bel piacer
Chi non osa non può aver
Dal suo foco il più bel dir.
No amor é preciso ousadia
Para desfrutar do doce prazer.
Quem não ousa, não pode ter
Do seu fogo, o mais belo dizer.
🎵 Sicilienne
Compositora: Maria Theresia von Paradis
Obra: Sicilienne (peça instrumental)
Período: Classicismo (c. 1775–1780)
Duração média: ~3 a 4 minutos
Formação Original: Violino e piano
Tipo de arranjo neste projeto: Versão adaptada para quarteto de cordas (violino I, violino II, viola, violoncelo)
Partituras:
🎵 Ich stand in dunklen Träumen
Compositora: Clara Schumann
Obra original: 6 Lieder, Op. 13 – nº 1
Ano: 1843
Texto do poema: Heinrich Heine
Língua do Texto: Alemão
Duração média: ~2 a 3 minutos
Formação Original: Voz (soprano ou mezzo) e piano
Tipo de arranjo neste projeto: Versão adaptada para canto e quarteto de cordas (voz + violino I, violino II, viola, violoncelo e contrabaixo)
Partituras:
Poema e Tradução:
Ich stand in dunkeln Träumen
Heinrich Heine
Ich stand in dunklen Träumen
Und starrte ihr Bildnis an,
Und das geliebte Antlitz
Heimlich zu leben begann.
Um ihre Lippen zog sich
Ein Lächeln wunderbar,
Und wie von Wehmutstränen
Erglänzte ihr Augenpaar.
Auch meine Tränen flossen
Mir von den Wangen herab –
Und ach, ich kann’s nicht glauben,
Dass ich dich verloren hab!
Eu estava imerso em sonhos
Heinrich Heine
Eu estava imerso em sonhos sombrios
diante de tua imagem,
e o rosto amado
começou a viver em segredo.
Ao redor de teus lábios formou-se
um sorriso maravilhoso,
e como por lágrimas de saudade
brilhavam teus olhos.
Também minhas lágrimas fluíram
pela face abaixo –
e ah, eu não posso acreditar
que te perdi!
🎵 In meines Vaters Garten
Compositora: Alma Maria Schindler-Mahler
Obra: In meines Vaters Garten (Lied)
Período: Pós-Romantismo (c. 1901)
Duração média: ~2 a 3 minutos
Língua do Texto: Alemão
Formação Original: Voz e piano
Tipo de arranjo neste projeto: Versão adaptada para canto e quarteto de cordas (voz + violino I, violino II, viola, violoncelo com função harmônica e melódica)
Partituras:
Poema e Tradução:
In meines Vaters Garten
wächst eine schöne Blum’,
die Blume, die ich meine,
steht in gar heimlichem Raum.
Sie ist gar wohl verwahret,
sie blühet nur für mich,
sie ist mein Trost und Freude,
Vergeh’n soll sie mir nicht.
No jardim do meu pai
cresce uma bela flor,
a flor a que me refiro
floresce em espaço bem secreto.
Ela é bem protegida,
ela floresce só para mim,
é meu consolo e minha alegria,
e jamais deverá fenecer para mim.
